A Origem do Lobisomen



Sempre me interessei por mitos e lendas, e um dos que mais me cativa é o do lobisomen, pois remete a tempos remotos, quando o homem primeiro temeu as presas do lobo.

A origem da palavra lobisomen e da lenda em si caminham juntas, já que nas palavras que falamos hoje existem resquícios imperceptíveis de história, de cada pessoa que as falou ao longo das eras, moldando assim o mito.
Eu pesquisei muito e obtive várias informações que remetem aos primeiros momento onde o homem foi transformado em lobo. Então venho por meio deste post compartilhar o que obtive:

Os anglo-saxões, como muitos povos europeus antigos, parecem ter uma visão dupla dos lobos. Por um lado os lobos são temidos e odiados. Lobos atacavam rebanhos a séculos. Em “O Lamento de Deor” o maligno rei Eormanric possui wylfenne geðohtas (“pensamentos lupinos”). O inimigo Danes em “A Batalha de Maldon” era waelwulfas (“matador de lobos”). E Wulfstan nomeia o diabo como werewulf.

Por outro lado, como o nome Wulfstan mostra, a palavra Wulf é um dos componentes mais comuns em nomes anglo-saxões, aparecendo em Beowulf (literalmente “bee-wolf”, “bee” sendo uma forma de “urso” no inglês e nórdico antigos, não “abelha” como inglês atual), Cynewulf, Ealwulf e Ethelwulf.

O lobo, aparentemente, ganhou prestígio por ferocidade e coragem. Desde tempos antigos pessoas cruzam seus cães com lobos. O Louvre de Paris é dito como sendo nomeado baseado em seu construtor, Philip Augustus, que intencionava fazer um canil de lobos.

O folclore alemão em geral parecia associar o urso com o campeão solitário (como em Rei Arthur, sendo Arthur outra forma antiga de “urso”) e o lobo com o guerreiro jovem. Em Hrafnsmal os guerreiros do Harald Fairhair de Vestfold na Normandia eram chamados “casacas de lobo” por sua qualidade de lutadores ferozes. Mas lobo como um fora da lei que preda na sociedade também está presente, como o jovem guerreiro escondendo-se na floresta, esperando por vingança. O herói Sigmund e seu filho Sinfjotli, preparando-se para vingar seus companheiros matando o Rei Siggeir, esconderam-se na floresta, colocaram peles de lobos e falaram com as vozes de lobos (Volsunga Saga).

Werewulf do inglês antigo possui duas formas de ser escrito: Werwulf, o nome de um sacerdote conhecido de Alfred e mencionado em “A Vida de Alfred” de Asser, e werewulf em “Homily” de Wulfstan. No século IX é um nome próprio; no século XI é um sinônimo para o Diabo, o wodfreca werewulf contra o qual os pastores deveriam proteger seus rebanhos.

Essas são as únicas duas aparições no inglês antigo, mas existem muitas variantes em línguas germânicas – Wargwolf, waragulph, etc. – muitas delas, como o Werwulf de Alfred, usadas como nomes próprios e de lugares. As versões seguintes em escandinavo possuem verulfr, “homem/lobo”. Marie soletra a palavra de três maneiras diferentes na sua “Bisclavret”: garwal, garwaf e garwalf.

O francês loup-garou é uma redundância: “lobo-homem-lobo”. O garou é cognato a garulph, que deriva para gar/war/wer (“homem”) e ulph/wlf (“lobo”). Mas agora os franceses usam garou para descrever qualquer tipo de transformação animal, como em chien-garou (transformar em cachorro) e outros.
No fim existem duas ideias principais:

1.) Um homem que se comporta de uma forma predatória lupina e de maneira destrutiva. Sendo “Werwulf” um nome masculino que também possuía o mesmo prestígio que hoje “Wolfgang” ainda aprecia, antes da identificação com lobos ser associada ao criminal e ao demoníaco.

2.) Um homem que muda de forma para um lobo e de volta. Essa condição sendo chamada licantropia. Lykos em grego para “lobo”, anthropos para “homem”. Velhos diagnósticos de licantropia podem ser comumente atribuídos ao defeito congênito chamado porphyria. O grego lycanthropos é muito anterior às palavras germânicas, e desde o começo parecia ser limitado a loucura. Posteriormente escritores medievais e modernos descrevem a licantropia como dementia canina, melancholia lupina ou canina. Assim descrevendo um ser humano que pensava ser um lobo, comia carne crua, cavava sepulturas, uivava para a lua e corria por horas a fio. Nos séculos XV e XVI o termo licantropia subistituiu esses e uma distinção foi feita (muitas vezes sem diferenciar de maneira alguma) entre um louco e um feiticeiro.

Em resumo o termo “homem-lobo” é basicamente um conceito universal, aparecendo em culturas por todo o mundo que encontram lobos. A que conhecemos é muito simples e houveram, acreditem, variações aonde o lobisomen e o vampiro eram a mesma criatura (que quando morta tornava-se vampiro, caso não fosse queimada), mas lista de mitologias e contos baseados em lobos e homens é muito extensa e o estudo de sua relação é maior ainda, logo não cabe escrever ainda mais sobre isso aqui no post, mas espero que suas dúvidas e curiosidade sobre o assunto tenham sido sanadas mesmo que só um pouco. A mim essa pesquisa é extremamente interessante, como devem ter percebido.

Enfim, até a próxima, caros colegas sedentos por conhecimento.


Fonte: Online Etymilogy Dictionary de Douglas Harper além de livros e escritores citados no texto.
Arte de Christy Grandjean, em goldenwolfen.com

3 comentários:

? disse...

*-*

PhD disse...

^^

Madame Camy disse...

Own rs

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