Quino e a Mafalda

O que é mais importante para Quino?

- A Liberdade.

Diz isso sorridente, mas seguro.

E alguma coisa mais fácil de conseguir?

- Não sei, não tenho idéia. A liberdade. - ele insiste, teimoso. - Bem, posso acrescentar esse outro tipo de liberdade que a pessoa concede a si mesma, além daquela que tem de ser dada pelos outros. Fico intrigado ao ver que nos meus sonhos tenho uma imaginação fabulosa e uma liberdade de movimentos que não tenho quando estou acordado. Esse tipo de liberdade também é indispensável: a pessoa não deve se autobloquear com preconceitos e coisas que a limitem.

Mas o autobloqueio existe, pelo menos no campo da criação. “Quando eu desenho, eu me autocensuro, porque, além do mais, já sei que se eu apresentar certas coisas nesta ou naquela revista elas não serão publicadas. Então, pra que perder tempo e energias?”

- Além disso - ele acrescenta - é fácil demais fazer humorismo com coisas que beiram o censurável. É muito mais fácil meter-se com o militarismo ou clericalismo. Mas o importante é que a idéia seja boa. Se for, o que importa que seja política, de humor negro ou de humor cor-de-rosa? A gente acha que a estas alturas já não cabe fazer a piada do náufrago na ilha, mas, se ela for boa, vai funcionar do mesmo jeito.

(Trecho de entrevista com Quino, retirado do livro 'Toda Mafalda' ).

" E gosta de Beatles, como a Mafalda?

- Sem dúvida. Sabe que musicalmente eles me estragaram totalmente, pois nunca vou poder escutar outra coisa?"

E ainda gosta de Beatles...